sábado, 12 de dezembro de 2009

Para refletir...





"Estamos satisfeitos com nossa vidinha decente.
Estamos contentes com nossos bons hábitos:
nós o tomamos por virtudes.
Estamos contentes com nossos pequenos esforços:
 nós o tomamos por progresso.
Estamos orgulhosos de nossas atividades:
elas nos fazem pensar que estamos nos doando.
Estamos impressionados por nossa influência:
imaginamos que ela transformará vidas.
Estamos orgulhosos do que damos,
entretanto ocultamos o que retemos."


Extraído do livro Convite a loucura. Brennan Manning.
Ed. Mundo Cristão, pg 30.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cada vez menos a igreja existe por causa do outro.



Por Ielton Isorro



Quem mora nas grandes cidades do Brasil conhece hospitais, onde milhares de pessoas sofrem. Entre elas há um enorme contingente que não recebe visitas ou acompanhamento das famílias. A solidão e o abandono fazem o sofrimento aumentar.




Nessas mesmas cidades, também encontramos lugares para reclusão de adolescentes infratores – em São Paulo há a Fundação Casa, antiga Febem. Lá esses jovens ficam até completarem maior-idade e voltarem às ruas, se melhores ou não é outra questão.



Encontramos também, presídios onde homens cumprem pena por crimes cometidos; Prisões femininas onde mulheres estão encarceradas; Orfanatos onde crianças abandonadas esperam por uma adoção e; Asilos onde pessoas de idade aguardam a morte, pois essa é a única que um dia vai busca-las.



Em todos esses lugares há profissionais pagos pelo Estado ou pelas instituições para atenderem os usuários desses sistemas. Ainda que muitos façam isso com amor, talvez(?), a maioria está lá por causa do salário.



Esses lugares são verdadeiros depósitos de sofrimento humano, más também há os lugares a céu aberto, como a cracolandia no centro de São Paulo, onde a desesperança e o sofrimento estão estampados nos rostos daqueles que ali vivem. A mesma coisa pode ser vista em calçadas da zona sul do Rio de Janeiro, onde crianças dormem amontoadas, ou em baixo de viadutos em Belo Horizonte, abrigo de famílias sem teto.



Sobre esse tema, tenho algumas perguntas, a fazer para a Igreja Cristã brasileira, da qual sou parte e por isso me sinto muito a vontade para me questionar.



Primeira: Para que serve todo o crescimento espiritual e esse “avivamento” que estamos vivendo se essas pessoas não forem alcançadas? Alguém pode afirmar:”Nós estamos orando por elas”. E é verdade. Estamos mesmo. Más quando oramos pedindo para Deus visitá-las e cuidar delas, não estaríamos devolvendo a Deus uma responsabilidade que Ele nos deu? Em caso de dúvida, leia MT 25:31-46. Se for isso mesmo, então, nós é que precisaremos de orações. Ou o teor das nossas orações é que deve mudar.



Segunda: Para que serve todo o dinheiro que arrecadamos se ele não está sendo usado para socorrê-las? Não concordo quando dizem que o dinheiro que se dá na igreja é dinheiro do povo. Na verdade, esse dinheiro passa a ser de Deus, quando alguém o entrega para ele, ainda que a igreja o receba, ela funciona como um caixa. Porém a responsabilidade da igreja é maior do que a de um simples caixa, pois passa a ser gestora desses recursos e o dono do dinheiro já definiu, por princípios, como e onde deseja que seja investido (Dt 10:18, Is 1:16-17) Algumas denominações investem milhões em templos suntuosos, com pisos de mármore e vitrais maravilhosos, afirmando assim dar o melhor para Deus, más será que o melhor para Deus não seria que esse dinheiro fosse investido para tirar órfãos das ruas, por exemplo? É bem provável que obedecendo a Palavra, se não resolvêssemos esse problema no Brasil, o minimizaríamos.



Terceira: Para que serve a Palavra que recebemos se não os alcançarmos os perdidos com ela? São importantes o culto, a liturgia, os louvores, a comunhão com os irmãos, a atuação nos ministérios. Más, nenhuma dessas coisas encontram fim em si mesmas. A Igreja só existe por causa do perdido. Se não houvesse mais ninguém para ser alcançado a nossa missão aqui já teria terminado e todas as agendas seriam canceladas (para desespero de muitos). Tudo que a Igreja é e faz deveria ser por causa do outro. Cada vez mais a igreja é ensimesmada, e só existe por causa das suas atividades e de suas agendas (pois, embora não admitam, muitas vivem de congresso em congresso, de campanha em campanha) estão desarmonizadas com a vontade de Deus e fazem com que os crentes que nela congregam também estejam. (1Sm 15:22)

É como se estivéssemos atrás de um balcão, dizendo ao mundo: “Venham, nos estamos aqui e temos o que vocês precisam” e de vez em quando fazemos uma programação para “alcançar o perdido”. Isso não pode ser programação! É o motivo de nossa existência! (Mt 28:19-20) Tiremos o balcão e vamos ao mundo perdido, não por programação, más por compromisso diário.



Por fim, nos especializamos em falar para nós mesmos. Discursos de vitória, crescimento espiritual, atos proféticos e massagens de ego, abarrotam os auditórios. Enquanto os chamados para capelanía em presídios, hospitais, orfanatos e asilos, não são atendidos. Parece que quanto mais longe do sofrimento, dos sofredores e da dor alheia, melhor.



Também, por isso, não sabemos mais falar para os não-crentes, o nosso jargão igrejeiro não é entendido por eles. Termos como unção, retété, cair no poder, aleluia e outros, que as vezes até nós mesmos temos dificuldades de entender, nos distanciam deles.



Nós como Igreja poderíamos ajudar, e muito, as instituições a recuperar essas pessoas para a sociedade e para o Reino, más estes e outros sintomas revelam que cada vez menos a igreja existe por causa do outro.


Por Ielton Isorro

Via Genizah

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Marcas de uma igreja doente.





Por Pr. Luiz Fernando Ramos de Souza



Depois de mais de dois mil anos de cristianismo. Depois de tantos concílios universais da igreja. Depois de tantos milhares de livros escritos sobre toda a teologia, esbarramos no sec. XXI com uma igreja doente. Deveria estar sadia, viçosa e madura, mas se encontra raquítica, doente e vem perdendo sua força a cada geração. Sua importância é questionada e seu valor posto à prova. Igreja por natureza é um corpo vivo, atuante e transformador. Seus membros devem crescer pela Palavra e testemunho. A igreja deve marcar mais pelo contraste do que pela semelhança. Mas em nossos dias ela vem se igualando ao mundo e oferecendo exatamente o que o mundo já tem e não satisfaz. Gostaria de analisar algumas marcas que aponta para uma igreja doente.



1 – Gigantismo em Lugar de Crescimento.



Hoje o padrão para se avaliar a benção sobre uma comunidade é o número de frequentadores. Não importa se são salvos ou não, mas se está cheio. Tomando este padrão como norma para as épocas da igreja, veremos que o próprio fundador da igreja foi um fracasso, pois, deixou somente 120 discípulos e estes medrosos. Se tomarmos este padrão para o mundo árabe, veremos que os missionários que trabalham por lá a mais de vinte anos são fracassados, pois, suas congregações são compostas por pouquíssimos convertidos nativos. Não sou contra congregações grandes, sou contra a despersonalização que elas geram. Os membros deixam de ser ovelhas e tornam-se estatísticas. Tem sites de igrejas que mostram, como se fosse um troféu, o número de membros arrolados com dizeres mais ou menos assim: “hoje já somos tantos milhares...”. Com isso querem mostrar que o Senhor é mais bondoso com eles que com as demais congregações? Esse gigantismo é uma distorção gritante do que a Palavra diz. A Palavra diz que a igreja é um corpo ajustado com cada parte ajudando as demais no exercício de suas funções. Os dons são distribuídos visando o crescimento do corpo. Mas a antítese do gigantismo vivido atualmente é a inanição dos membros. Estes não crescem na proporção do número de membros. São crianças espirituais e crianças não trabalham, dão trabalho. Abraçam qualquer ensinamento de forma acrítica e vivem de onda em onda. A igreja está doente porque aceita ser medida pelos padrões de desempenho empresarias, mundanos que pelos padrões de Deus. Está doente porque confundiu gigantismo com crescimento.



2 – Muito Dinheiro Investido em Prédios e Pouco em Missões.



Se fizéssemos uma análise do valor patrimonial das 20 maiores igrejas nos pais ficaríamos estarrecidos com quantos milhões de Reais estão invertidos em templos suntuosos. Cada vez mais as igrejas buscam prédios maiores com o argumento que precisam de maiores espaços para acolher seus membros. Esquece-se que cada novo templo, por maior que seja já nascerá pequeno, pois, o crescimento natural da congregação inviabilizará qualquer empreendimento imobiliário. Alguns líderes afirmam que possuem um patrimônio de tantos milhões de dólares, como se fossem deles tais igrejas. Outro dia ouvia um sermão de um apóstolo, dos mais insanos possíveis, no qual dizia que havia construído uma igreja de R$ 35.000.000,00 no meio de uma floresta tropical. Ele se gabava do fato de ter nascido no nordeste e agora estar onde está. Paulo pensava o contrário quando disse: “Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. I Cor. 15:10. Paulo sempre apontava para a graça de Deus. Nunca achou que nele havia algum bem ou valor, mas sempre a graça. Ele foi enfático neste versículo quando disse: “todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo”. Paulo sofria e lutava para que Cristo fosse formado em seus ouvintes. “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”. Gal. 4:19. Quando investimos em pessoas os ministérios acontecem, os dons de ajuda mútua emergem e a obra expande. A igreja está doente porque olha para dentro de si mesma enxergando somente suas necessidades e esquece-se de olhar para a seara que está branca e pronta para ceifa. Vejo os relatórios da convenção da qual faço parte e fico estarrecido com os valores aplicados em missões. Acredito que o executivo regional desta convenção deva ganhar um pouco menos do que o total investido em missões no estado. Não sou contra remunerar bem pessoas que se esforçam para o crescimento do Reino. Mas a necessidade de um não pode ser mais significativa que todo um estado. O erro está em investirmos pouco, muito pouco em missões. Nunca soube de um alvo missionário para envio de 100 missionários para missões em um ano específico. Sempre os alvos são financeiros e estes, salvo engano, nunca são alcançados, porque a igreja não tem consciência missionária. A igreja está doente porque acredita que possuindo prédios gigantescos estará influenciando o mundo e mesmo o salvando. A igreja está doente porque já não mais chora pelos perdidos e seus destinos, mas se alegra com um capitalismo travestido de espiritualidade. A Igreja está doente porque perdeu seu grande alvo, o mesmo de Cristo, buscar e salvar o perdido.



3 – O Pragmatismo é Mais Importante Que a Palavra.



Fomos assaltados pelo pragmatismo. Se funciona deve ser de Deus. Não perguntamos se está de acordo com a Palavra. Deu resultado esqueça o resto. Um pregador pela televisão disse que não estava pedindo dinheiro naquele mês, em seus programas, porque muitos haviam ofertado para seu ministério depois que um profeta havia prometido uma unção financeira ilimitada por R$ 900,00. Deve ter entrado muito dinheiro mesmo depois de tal profecia para que tal pregador jogasse no lixo a razão, a consciência e a Palavra. Isso é pragmatismo ao extremo. Parece-me que para tais pessoas os meios justificam os fins. Nem tudo que funciona vem de Deus. Nem tudo que dá certo tem apoio na Palavra. Temos um exemplo dramático no Antigo Testamento. Israel quando saiu do Egito não se dispersou no deserto porque adorou o bezerro de ouro. Um fim foi alcançado, a não dispersão, mas ao preço de sacrificar a comunhão com Deus. O pragmatismo sacrifica a Palavra no altar do erro e do oportunismo.



A igreja está doente porque aceita os resultados sem prová-los pela Palavra. A igreja está doente porque a Palavra foi preterida como regra de fé e prática.



4 – Emoção Sim, Razão Não.



Os cristãos modernos são chorosos, gritadores, histéricos menos racionais. Os pastores, não em sua totalidade, incentivam a irracionalidade e a emoção extrema como forma de espiritualidade. Acham que se o povo gritar e pular é porque o Espírito Santo está agindo. Não me entendam mal. Creio que a presença de Deus pode mexer com todo nosso ser e podemos ter reações não convencionais, como aconteceu na época de Jonathan Edwards (1734). Mas somente emoção destituída de razão é um absurdo. John Mackay disse: “Ação sem reflexão á paralisia da razão”.



Hoje em muitas igrejas existe a mania ou tendência de dar um brado de vitoria. O povo grita até ficar rouco. Isso é catarse pura, mas confundem sair desses cultos aliviados com sair dali abençoados. Paulo nos encoraja a praticarmos um culto racional (Rm. 12:1). Paulo nos encoraja a buscamos a sabedoria e o conhecimento para aprovarmos as obras de Deus.



A igreja está doente porque exalta a emoção e esquece-se da razão. Está doente porque o arrepio vale mais que a Palavra que em tudo pode nos tornar aptos para salvação.



5 – O Evangelho da Cruz Foi Sacrificado no Altar de Mamon.



Não é preciso ser experto em economia e finanças para identificar a crise que vive a igreja. Numa nação onde a justiça social é pouco praticada, a renda está concentrada nas mãos de poucos, o abismo entre ricos e pobres aumenta assustadoramente e os efeitos desastrosos de uma política neoliberal se fazem sentir, nada mais seduz as pessoas do que a oferta de dinheiro fácil, haja vista, o alto grau de endividamento dos aposentados após o governo federal permitir um comprometimento de suas rendas em empréstimos junto a bancos. O lucro dos bancos têm sido astronômicos. O povo endividado até o pescoço e os banqueiros colhendo os maiores resultados das últimas décadas. Neste contexto o que mais cresce no Brasil são casas lotéricas, bingos, jogos eletrônicos proibidos e igrejas. Atraem os pobres com promessas de enriquecimento rápido. As loterias e congêneres pela facilidade de aposta e as igrejas com a doentia teologia da prosperidade ou da vitória financeira. Estamos promovendo a maior desevangelização do Brasil. Estamos perdendo um momento precioso de anunciarmos o evangelho da cruz que gera arrependimento, fé e o novo nascimento. Em muitos lugares o evangelho da cruz foi substituído pelo evangelho da prosperidade que gera ganância, barganha, materialismo e grandes desapontamentos. Sabemos que a maioria nunca chegará a gozar das falsas bênçãos apregoadas por pregadores gananciosos, materialistas e desumanos. Está emergindo toda uma geração de cristãos decepcionados com o evangelho de Cristo. Pessoas que no médio e longo prazo nada farão pelo Reino de Deus, porque estão tentando absorver ou conviver com as frustrações que tiveram nas igrejas que pregam tais distorções.



Há bem pouco tempo acusávamos os católicos romanos de idólatras porque adoravam outros deuses ou santos. Mas deparo-me com a idolatria no meio evangélico. Não adoramos santos nem deuses, estamos adorando Mamon.



A igreja está doente porque oferece os benefícios da cruz sem a cruz. A igreja está doente porque aponta para este mundo como um fim em si mesmo. A igreja está doente porque se esqueceu de dizer ao homem que somos peregrinos em um mundo hostil a Cristo e seu evangelho.



6 – Teologia e Clareza Doutrinária Não, Revelações Sim.



Hoje em dia para tudo há uma nova unção. Unção de nobreza de Salomão por R$ 10.000,00, unção de Abraão por ter agarrado a camisa de um profeta judeu norte-americano, unção de Ester, unção do Leão de Judá, unção de Davi, unção apostólica e por ai vai. Nunca vi tanto besteirol no meio cristão. O pior é as pessoas acreditarem que isso é verdade. Sacrificam suas competências mentais em nome de uma espiritualidade doentia e insana. Visões, palavras proféticas, atos proféticos tudo isso mostrando o vazio interior de líderes confusos e desequilibrados. Os cristãos acham que qualquer pessoa que fala em nome de Deus ou se diz pastor merece crédito. Estamos vivendo um momento onde milhares de pastores autocomissionados e mesmo consagrados a rodo falam em nome de Deus. Como não possuem formação teológica sadia ou mesmo compram seus diplomas teológicos de pessoas desqualificadas e desonestas, falam sobre revelações, visões que nunca tiveram usando a Bíblia como um manual manipulável e manipulador de massas. As massas evangélicas foram cooptadas por certo triunfalismo, certo utilitarismo e mesmo hedonismo, onde o que vale mais é a sensação prazerosa e imediata. Tem mais valor a estética do que a ética, o sentir e não o pensar e a quantidade e não a qualidade.



A igreja está doente porque as novas revelações são mais importantes que A Revelação da Palavra.



A igreja está doente porque os sentimentos são mais valorizados que o pensar consistente.



A igreja está doente porque relativizou a Palavra de Deus. Está doente porque não possue mais valores absolutos.



Mas ainda resta muita esperança porque o Soberano Senhor está no controle de tudo. Ainda resta esperança porque existem homens e mulheres de Deus que pagam um preço pela sanidade, integridade e não se curvam, nem se embriagam com estas posturas alucinadoras. Existem servos de Deus que não se venderam, nem pagaram por bênçãos e nem relativizaram os fundamentos da fé e de uma vida cristã integral.



Ainda há esperança para igreja, eu creio nisso.



Soli Deo Gloria.

Fonte: ministério força para viver
 
Via :  Ministério Beréia

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

"Eu senti no meu coração!" E daí ?





“O coração é enganoso e incurável, mais que todas as coisas; quem pode conhecê-lo?” –

Jeremias 17.9 (Almeida Século 21).



No cenário evangélico contemporâneo, a maior vertente hermenêutica é o “sentismo”, junto com seu irmão, o “pensismo” ou o seu primo, o “achismo”. Para uma boa parte dos crentes, as posições espirituais são tomadas desta maneira: “Eu sinto em eu coração”, ou “Eu penso assim, ó”. Ou, ainda, “Eu acho assim, ó”. É lamentável, profundamente lamentável, que a maior parte dos evangélicos despreze a autoridade das Escrituras e estabeleça seus sentimentos como padrão de conduta. Descrendo da Bíblia, desprezando o Espírito Santo que a inspirou, e crendo num espírito santo (com letras minúsculas) do tamanho delas, que elas confundem com seus sentimentos, procuram afirmar seus pensamentos como sendo os pensamentos de Deus. Elas acham que por crerem em Deus, o que elas pensam foi posto por Deus na mente delas. O neopentecostalismo, com sua anarquia espiritual e desmoralização da Bíblia, é responsável por isto. Eleva palavras de pecadores, que por serem pastores, acham que são divinos, e não podem ser contestados. Eles se consideram uma nova revelação. Como o herege Morris Cerulo, que declarou, certa vez; “Vocês não estão olhando para Morris Cerullo; estão olhando para Deus, estão olhando para Jesus Cristo”. Blasfemo!



Jeremias seria estigmatizado por esta turma festiva de evangélicos que elevam seus pensamentos pecaminosos à categoria de revelação divina. A turma festiva o chamaria de “tradicional, carnal, sem poder, sem o Espírito Santo”. É o ônus de crer na Bíblia.

“Eu senti no meu coração”. Brada o neopentecostal e o tradicional bobinho. E eu pergunto: “E daí?”. Muita gente cometeu crimes porque sentiu no coração. Quando eu tinha 16 anos senti no meu coração que iria casar com Wanderléia, cantora da Jovem Guarda. Casei com mulher mais bonita, e Wanderléia nem sabe que existo.



O coração (lêb ou lebâb, no hebraico) é, na psicologia dos hebreus, o centro das de decisões, o centro volitivo da pessoa. Mas ele é mau, é pecador, é corrompido. Nós somos pecadores. Quem coloca o que sente no coração como réplica da vontade de Deus, comete um perigoso erro. Isaías 55.8 é bem claro: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor.”. Não é o que sentimos. É o que Deus diz. Blasfemam contra o Espírito Santo, recusando sua orientação, aqueles que colocam o que sentem como sendo a voz de Deus. Deus não é do nosso tamanho nem tem a nossa cabeça pecaminosa. Nossos pensamentos devem ser subordinados às Escrituras e avaliados por ela. É a Palavra de Deus que deve ser nosso guia, e não os nossos sentimentos.



“Eu senti no meu coração!”, brada o crente ignorante do valor das Escrituras. E eu pergunto: “E daí? Você não é Deus!”. A questão é outra: “O que a Bíblia diz?”. Ela é que é a Palavra de Deus e não os nossos sentimentos.



MEDITAÇÕES EM JEREMIAS – 10
“NÃO OUVIU NO TEMPO CERTO”


“Falei contigo no tempo da tua prosperidade; mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o teu procedimento, desde a tua mocidade não ouves a minha voz” – Jeremias 21.25 (Almeida Século 21).



A ruína de Judá era iminente. Nas pregações religiosas, Jeremias era a voz destoante, porque profetas e sacerdotes anunciavam apenas prosperidade. O pregador que hoje disser o que a Bíblia diz, será como Jeremias. Incompreendido, mal visto e recusado. O mundo e desafortunadamente a igreja também querem ouvir coisas boas. Quem quiser ser chamado de medieval e jurássico, fale de pecado. Os pecadores querem apenas satisfazer os desejos de seu coração. Prova disso é que a maior parte das leis hoje aprovadas é para retirar limites do erro, e para colocar limites aos que discordam do erro. Copiando o mundo, a igreja evangélica segue na mesma direção: quer ouvir coisas boas. Se um pastor quiser ser desagradável e perder espaço, chame os crentes ao abandono do pecado e ao compromisso. Eles querem é benção. Esta é a doença da igreja contemporânea: “bênçãotite”. Todo mundo quer ser abençoado. Compromisso, nem falar! Boa parte dos crentes é consumidora espiritual, e a igreja é o estabelecimento comercial. O pastor é o vendedor. Por isso muitos não anunciam todo o conselho de Deus, mas procuram fidelizar clientes, para que estes, satisfeitos, deixem o outro rebanho e venham para o seu. Há igrejas que crescem apenas por tirarem ovelhas de outros rebanhos. Seus batistérios estão secos.



A voz de Deus era bem clara: arrependimento dos pecados e abandono à vontade divina. O povo queria ouvir coisas boas. Estudar Jeremias me enriqueceu muito. Como o mundo e os crentes de hoje se parecem com os ouvintes dele! E me mostrou porque pregadores como Jeremias recebem tantas pedradas de crentes hoje. Ele também recebeu!



O momento atual, quando tudo vai bem, é tempo para ouvir a voz de Deus e consertar a vida com ele. Só havia uma possibilidade de evitar o juízo: a mudança de vida. Mas os falsos profetas anunciavam prosperidade e futuro radioso para os ouvintes. Estes se indignavam contra Jeremias e preferiam os falsos pregadores.



Ouça a voz de Deus! Ela chama à mudança de vida, à conversão, ao abandono de pecados. Não há bênçãos para pecadores rebeldes. Não pense que porque você pagou ou deu uma oferta para o ministério de televisão que lhe massageia o ego, Deus o abençoará. Deus não é corrupto. Não se deixa vender. Ele pede mudança de vida. Sem conversão não há bênçãos; mas apenas juízo. Acerte sua vida com Deus agora, no tempo bom, antes que as coisas piorem!



Há pregadores pecaminosos, corruptos como os dos dias pré-Reforma, que ofereciam perdão em troca de dinheiro. Anunciam um Deus que se deixa subornar por ofertas. Deus quer caráter e vida submissa. Ninguém está autorizado a oferecer carro zero, em nome de Deus. Jesus ofereceu a cruz. E não há prosperidade sem retidão. E é corrompido o crente que procura mais seu bem-estar que a vontade de Deus.



Você é de Cristo? Ame-o, honre-o, sirva-o, gaste-se por ele. Não o confunda com Papai Noel. Procure fazer a vontade de Deus. Se você fizer, tudo se ajeitará. Muito provavelmente você não ficará rico (até mesmo porque Jesus não prometeu isso), mas sua vida terá tanta riqueza espiritual e tanto conteúdo, que o resto será secundário.



Ouça a voz de Deus, conforme sua Palavra a revela. Você se realizará. Ouça agora, porque agora é o tempo certo

Fonte:  Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho