sábado, 27 de março de 2010

Apascentando ovehas ou entretendo bodes ?






Um mal acontece no arraial professo do Senhor, tão flagrante na sua impudência, que até o menos perspicaz dificilmente falharia em notá-lo. Este mal evoluiu numa proporção anormal, mesmo para o erro, no decurso de alguns anos. Ele tem agido como fermento até que a massa toda levede.



O demônio raramente fez algo tão engenhoso, quanto insinuar à Igreja que parte da sua missão é prover entretenimento para o povo, visando alcançá-los. De anunciar em alta voz, como fizeram os puritanos, a Igreja, gradualmente, baixou o tom do seu testemunho e também tolerou e desculpou as leviandades da época. Depois, ela as consentiu em suas fronteiras. Agora, ela as adota sob o pretexto de alcançar as massas.


Meu primeiro argumento é que prover entretenimento ao povo, em nenhum lugar das Escrituras, é mencionado como uma função da Igreja. Se fosse obrigação da Igreja, porque Cristo não falaria dele? "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Lc.16:15). Isto é suficientemente claro. Assim também seria, se Ele adicionasse "e provejam divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho". Tais palavras, entretanto, não são encontradas. Nem parecem ocorrer-Lhe.



Em outra passagem encontramos: "E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres"(Ef.4:11). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia, no que se refere a eles. Os profetas foram perseguidos por agradar as pessoas ou por oporem-se a elas?


Em segundo lugar, prover distração está em direto antagonismo ao ensino e vida de Cristo e seus apóstolos. Qual era a posição da Igreja para com o mundo? "Vós sois o sal da terra" (Mt.5:13), não o doce açúcar – algo que o mundo irá cuspir, não engolir. Curta e pungente foi a expressão: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos"(Mt.8:22). Que seriedade impressionante!Cristo poderia ter sido mais popular, se tivesse introduzido mais brilho e elementos agradáveis a sua missão, quando as pessoas O deixaram por causa da natureza inquiridora do seu ensino.

Porém, eu não O escuto dizer: "Corre atrás deste povo Pedro, e diga-lhes que teremos um estilo diferente de culto amanhã; algo curto e atrativo, com uma pregação bem pequena. Teremos uma noite agradável para eles. Diga-lhes que, por certo, gostarão. Seja rápido, Pedro, nós devemos alcançá-los de qualquer jeito!".


Jesus compadeceu-se dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca pretendeu entretê-los.

Em vão as epístolas serão examinadas com o objetivo de achar nelas qualquer traço do evangelho do deleite. A mensagem que elas contêm é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!

Eles tinham enorme confiança no evangelho e não empregavam outra arma.

Depois que Pedro e João foram presos por pregar o evangelho, a Igreja reuniu-se em oração, mas não oraram: "Senhor, permite-nos que pelo sábio e judicioso uso da recreação inocente, possamos mostrar a este povo quão felizes nós somos". Dispersados pela perseguição, eles iam por todo mundo pregando o evangelho. Eles "viraram o mundo de cabeça para baixo". Esta é a única diferença! Senhor, limpe a tua Igreja de toda futilidade e entulho que o diabo impôs sobre ela e traze-a de volta aos métodos apostólicos.


Por fim, a missão do entretenimento falha em realizar o objetivo a que se propõe. Ela produz destruição entre os jovens convertidos. Permitam que os negligentes e zombadores, que agradecem a Deus porque a Igreja os recebeu no meio do caminho, falem e testifiquem! Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o bebado para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de promover entretenimento não produz convertidos verdadeiros.


O que os pastores precisam hoje, é crer no conhecimento aliado a espiritualidade sincera; um jorrando do outro, como fruto da raiz. Necessitam de doutrina bíblica, de tal forma entendida e experimentada, que ponham os homens em chamas.




Autor: C.H. Spurgeon


Biblioteca Reformada


ARPAV

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quarta-feira, 24 de março de 2010

O impostor que vive em mim


Por Douglas Araujo

Essa semana mais que nunca tenho percebido o quão lixo eu sou.


Vejo pessoas ao meu redor precisando de ajuda. Todos os dias passamos por pessoas que precisam de ajuda. Mas nem percebemos. Por que? Porque só olhamos pra nosso próprio umbigo. Mas só posso falar de mim, pois sou a pessoa que mais me conhece, felizmente.



É incrível a capacidade que temos de perder tempo com coisas inúteis. Como conseguimos jogar sempre para frente coisas importantes. As coisas que Deus realmente precisa que façamos. Falo por mim. Eu consigo perder tempo cismando com alguém, me focando no que não devo.

Mas e ai, o que realmente importa na vida?



Essa semana aconteceu algo que me fez ver, que Deus usa aqueles que estão dispostos a ser usados. Não só os cristãos e os pseudo crentes evangélicos que muito falam e pouco fazem, e nesse caldeirão, eu to dentro.

Meu chefe fez algo que nunca imaginei ver na vida. E olha que já vi muita coisa nessa vida. Ele chamou um morador de rua pra trabalhar na empresa.



Quando soube fiquei espantado, como todo mundo lá. As pessoas começaram a dizer que ele era louco de colocar um morador de rua la, que convivia com drogados, bandidos e todo tipo de marginal.



Então fui perguntar ao meu chefe se isso era verdade. Ele confirmou que sim.

Perguntei por que ele decidiu fazer isso.

Ele disse que sempre via aquele garoto de 17 anos, que mora na rua ir todas as manhãs pegar papelão na loja. Esse garoto sempre estava de chinelos, camiseta e shorts, mesmo no frio. Pois é a roupa que ele tem. E via que ele não era um garoto ruim. Um dia sentiu que deveria dar uma chance pra ele. Pois ele só precisa de uma oportunidade.

Chegou pro garoto e perguntou: Você quer trabalhar com a gente? O garoto disse que lógico, me da um emprego, me da um emprego, repetia ele.

Disse pro garoto estar no dia seguinte no administrativo as 8h30 pra uma entrevista. O garoto chegou lá as 6h30 da manhã todo ansioso e ficou esperando. Ele conseguiu uma calça e uma camisa bem velhinha pra ir na entrevista. Era o que de melhor ele tinha, e ele foi como ele é.



Confesso que isso me fez pensar muito no lixo que eu sou.

Enquanto eu e todos que passam por aquele garoto o enxergava apenas como uma mobília da cidade, como apenas um mero catador de papelão que convive com drogados e bandidos, um cara conseguiu ver ali, um homem que apenas precisava de uma oportunidade.



Meu chefe ainda disse que daqui alguns anos quer ver esse garoto casado e com sua casinha.



Quantas pessoas passam por mim todos os dias e só precisam de uma oportunidade? Quantas pessoas precisam de mim? Quantas pessoas eu tenho olhado e enxergado neles: “oportunidades”?



Na verdade, eu só tenho olhado para as pessoas fora do meu circulo de convivência, como mobílias.



Muitas pessoas me dizem que não se sentem usadas por Deus, que não se sentem capazes pra servir a Deus. E outros blá blá blás. Mas diz ai, como você tem olhado para as pessoas? Como mobílias ou como oportunidades?



Certa vez li um livro chamado “O Impostor que Vive em Mim” do Brenann Maning. E hoje mais que nunca vejo que eu não passo de um mero impostor. Alguém que vê as outras pessoas como mobílias. Alguém que sempre arruma desculpa para as cagadas que faz, e se preciso até arranja um versículo bíblico pra se defender. Alguém que não gosta de algumas pessoas e que faz com que elas também não gostem de mim.



Sou um impostor que tem 24h do dia pra fazer trocentas coisas mas que não separa nem meia hora pra falar com Deus.



Alguns meses, completei 28 anos de idade. A alguns tenho tentando ter uma vida Cristã, tenho tentando caminhar em direção ao Pai. Mas vejo que no meio dessa caminhada, tenho desviado meus olhos e pés desta estrada.



Percebi que com o tempo eu tenho engaiolado Deus, e que só vou vê-lo, quando preciso de algo.



Na verdade, todos nós. Sempre temos uma desculpa pra tudo. Lemos a bíblia como um manual de instruções e só recorremos a ela e a Deus, quando temos algum problema. Quando na verdade, deveríamos utilizar o amor que aprendemos em todo tempo, como todo mundo.



Hoje eu vejo que sou um impostor que não esta com os olhos abertos pro que Deus quer que eu veja, e nem com o coração disposto a ser quem Deus quer que eu seja.



“A história atesta que a religião e as pessoas religiosas tendem a ser tacanhas. Em vez de aumentar nossa capacidade para desfrutar a vida, a alegria e o mistério, a religião frequentemente a diminui. A medida que a teologia sistemática progride, o senso de maravilhamento declina. Os paradoxos, as contradições e as ambiguidades da vida são codificados, e o próprio Deus é encaixotado, engaiolado, confinado dentro das páginas de um livro com capa de couro. Em vez de uma história de amor, a Bíblia é vista como um manual de instruções”. (Brenann Maning)



Que Ele nos perdoe. Sempre.



Via Blog do autor

domingo, 7 de março de 2010

Os dentes dos filhos não sentem dor pelo mau uso dos dentes dos pais





“Naqueles dias não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que embotaram? Pelo contrário, cada um morrerá por sua própria iniqüidade; os dentes de todo aquele que comer uvas verdes é que se embotarão” – Jeremias 31.19-30 (Almeida Século 21)




Ávidos por novidades, buscando destaque e atenção pelo inusitado, pregadores criaram uma doutrina que o cristianismo, em dois mil anos, nunca suspeitou haver: maldição hereditária. Aliás, o que tem de gente reinventando o evangelho é terrível. Como a competição é grande, as idéias mais esdrúxulas aparecem. Com esta, a pessoa, mesmo convertida, carrega uma maldição proferida por alguém, e precisa de uma reza forte para quebrar a maldição. O sangue de Jesus perdeu o poder, ou só funciona quando manipulado por alguém…



Deus diz que haveria um tempo em que ninguém sofreria a ação dos antepassados. Se os pais chupassem uvas verdes, os dentes dos filhos não embotariam. Os dentes dos pais, sim. Os dos filhos, que não chuparam, não. Quando seria isto? Logo a seguir, após esta declaração, Deus anuncia a nova aliança (Jr 31.31-34), a que faria por meio de Jesus Cristo (Mt 26.28). Na nova aliança, a responsabilidade é pessoal. Pai não transfere culpa, filho não herda culpa.



Deus repetiu isto por Ezequiel: “Que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor Deus, não se vos permite mais usar deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.” (Ez 18.2-4). O título do capítulo 18 de Ezequiel é “A responsabilidade é pessoal”.



Não há salvação hereditária. Não há condenação hereditária. Não há maldição hereditária. Não há bênção hereditária. Cada pessoa responde por si, diante de Deus. E não faz sentido o Cristo de alguns, tão fraco que sua obra não tem poder de cancelar maldições na vida da pessoa. Vemos uma incongruência hoje: um Cristo fraco e demônios fortes. A obra de Cristo é incompleta sem a oração do pastor. É ele quem quebra as maldições.



Quem está em Cristo é nova criatura (2Co 5.17). Seu passado morreu. O seguidor de Jesus não tem passado. O sangue de Jesus o aboliu! Saudades do tempo em que, ao invés de só cantar “Quero te louvar!”, cantávamos hinos com substância, como “O sangue de Jesus me lavou, me lavou…” e “Há poder, sim, força sem igual. Só no sangue de Jesus!”. Cantávamos o poder de Jesus. Quando alguém se converte, o sangue de Jesus o cobre, perdoa e elimina seu passado, dá-lhe nova vida. Pouco importa o poder de Satanás, seus asseclas e a força de suas maldições. O crente tem Jesus! E como diz 1João 4.4: “Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”. Sou habitação da Trindade e ela é maior que Satanás.



O que meu pai fez, não importa. O que meu avô fez, não importa. Importa o que eu faço. Como uso minha vida e como me porto diante de Deus. E conto com a ajuda do Espírito Santo para saber que chupar uvas verdes faz mal aos meus dentes. Se meus antepassados chuparam, o problema foi deles. Não caiu sobre mim. Se, desafortunadamente, eu as chupar, meus dentes sofrerão. Mas os de meus filhos, não.



O evangelho deixa claro: Cada um de nós responde por si diante de Deus. Cuide dos seus dentes. Não chupe uvas verdes e não culpe os seus pais pelos seus dentes embotados.


Extraído do blog do Pr. Isaltino Gomes